Luz sombra
palavras silêncio
tecem-se neste tecido
os amigos
ficam lá onde os desejamos
aparecem ou desaparecem
Respeitam a nossa história
sem interrogações
sem reticências
sem exclamações
(isto podia ser um exercício de pontuação)
sempre lá onde os desejamos
Pressentimo-los por onde passamos
Pendurados nas árvores
Parados atrás dos arbustos
Suspensos das nuvens
Andando lado a lado
pelos ínvios caminhos que traçamos
Sombras e luzes
presenças diáfanas
que soltam a sua perfeição
na esteira da nossa imperfeição
À solta nos risos
nos abraços
nos silêncios
nos recuos
nos amuos
na vida
Velam os nossos passos
e dão-nos a mão quando cegamos
Imperfeição esbatida pelo sulco
de outra mão
Nunca a palavra será imoderada
para falar desse oceano
em que mergulhamos
repetidamente
e sempre com a mesma alegria
da dádiva
e da limpidez do olhar
Maria Eugénia Alves
Um lindíssimo poema da minha amiga Eugénia. A sua estreia no nosso blogue não podia ser melhor.
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