Estava sossegada. Gosto de estar sossegada, absorvida no meu mundo autista e porque não? Nunca imaginei que este mundo tão meu fosse tão confuso para quem me rodeia... Todos nós sem excepção vivemos num mundo à parte dos demais, chama-se intro-especção, um casulo fechado onde reina somente a nossa imaginação! Gosto do mundo em que vivo, é meu, confesso que sou egoísta neste meu querer, de fora ficam as realidades que habitualmente consomem o ser humano, também o sou, humana. Não há forma plausivel nem descrições possiveis que abordem o mundo interior. Parte de uma aceitação própria, de uma realidade inconstante, cercada de movimentos tão estranhos mas gratificantes que se transformam numa adrenalina impossível de largar... Gosto de estar sossegada num desassossego permanente que me permite atingir as barreiras impostas pelos outros, alcançar a utopia das irrealidades... Sou eu, tanto falo sobre o meu eu, porque não? Eu e ele somos indivisiveis, não permitimos intrusões, somos uma partilha única e indestrutivel... O desassossego com que me movo é a prova constante de um crime só meu, não existe clausura nem código penal capaz de o condenar...Sou eu, sossegada na minha inconstante tranquilidade em que o constante não é mais que uma fracção de segundos até que a Utopia seja alcançada!
( Reservados os Direitos do Autor Lina Freitas)
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